A Exposição de Crianças nas Redes Sociais: Um Risco Real que Precisamos Assumir com Responsabilidade

Dália Matsinhe, Psicóloga
30 de abr.
2 min de leitura

Como psicóloga e hipnoterapeuta, sinto-me eticamente chamada a alertar todos os pais, cuidadores e educadores para os perigos associados à exposição de crianças nas redes sociais. Num mundo cada vez mais digital, partilhar fotos e vídeos dos nossos filhos pode parecer inofensivo — uma forma de celebrar momentos felizes com amigos e familiares. No entanto, essa partilha traz riscos reais e profundos, muitas vezes ignorados.

1. Rosto de uma criança hoje. Ferramenta para o crime amanhã.

Tecnologias como inteligência artificial e deepfake já estão a ser utilizadas para manipular imagens de crianças inocentes, inserindo os seus rostos em conteúdos pornográficos virtuais. Estes vídeos, apesar de falsos, circulam na dark web, sendo consumidos por redes criminosas e predadores sexuais.

2. Raptos e tráfico infantil começam com informações básicas.

Nome da criança, escola, local de férias, hábitos diários, horários e até o tipo de roupa que usa — tudo isso pode ser recolhido em segundos por alguém mal-intencionado. Muitas vezes, basta uma legenda descuidada numa fotografia.

3. Identidade digital comprometida.

Cada fotografia publicada constrói um perfil digital. As crianças de hoje estão a crescer com uma pegada digital criada por terceiros, sem consentimento, o que pode comprometer a sua privacidade, segurança e até oportunidades futuras.

4. Vítimas silenciosas de cyberbullying.

Imagens manipuladas, comentários maldosos ou o uso indevido de fotografias em memes ou páginas obscuras podem causar danos emocionais profundos às crianças — mesmo quando ainda são demasiado pequenas para compreender o que está a acontecer.

Como proteger os seus filhos:

Evite publicar o rosto, nome completo, localização e escola dos seus filhos.

Nunca partilhe fotos de crianças em fato de banho, no banho ou em situações vulneráveis.

Use emojis para tapar o rosto, se quiser partilhar uma imagem simbólica.

Verifique e restrinja as definições de privacidade nas redes sociais.

Denuncie imediatamente qualquer uso indevido de imagens de menores.

A infância é um tempo sagrado. A proteção começa com a nossa consciência.

Proteja o corpo, a alma e a identidade do seu filho. A exposição nas redes não é inocente — e pode ter consequências reais e irreversíveis.

Com responsabilidade e amor,

Dália Matsinhe

Psicóloga Social, Criminal e Forense | Hipnoterapeuta Clínica Certificada |

Especialista em Programação Neurolinguística (PNL) | Terapeuta RTT®